terça-feira, 13 de janeiro de 2009

:::Isabel:::

Era sempre tão sozinha

Que já não lembra desde quando foi tão só

E nem em qual dia se esqueceu

Que já viveu tempo demais

Em um sonho que nunca foi seu

Eram só tardes vazias

Que hoje esperam no mesmo canto

De poesias nunca escritas

Que falavam sobre

Se perder pra achar alguém

Se perder pra achar alguém

Se perder pra achar alguém

Eram só tardes vazias

Longas esperas no portão

Por alguém que nunca veio...

A três mãos

Achei que o erro era verdade

Tornei verdade o que achei

Sou sincero, mentira, verdade

No fundo já não me importo

Pois o erro poderia ser acerto

A verdade descartada

Como todo o resto

Todo o resto de respostas em meias palavras

Aliado a tudo que permanece intacto

Logo após o momento

Em que eu senti mais intenso

E por isso resolvi pedir perdão

Estou aqui ausente, presente

Vou quebrar o violão

Rasgar as palavras

Desafinar a vida

Todas as vidas

Fazer de tudo uma grande mentira

Se é que já não é

Se é que já não foi

Se é quem já não sou

E talvez nunca fui

Nunca passei pelo momento

Que ecoa dentro da minha cabeça

Como uma voz possante

Como um corpo de alma, músculo e sexo

Como o perigo do incerto

Achei que era mentira

Tornei mentiras minhas verdades

Meu corpo nu ecoa verdade

Rasgue meu corpo

Veja o que está dentro de mim

E saberá porque me prendo dentro dele

Dele, que guarda as verdades e mentiras

As farsas e fantasias

Tudo que já fui um dia

Talvez o que mais amo ou o que mais odeio

Mas sem dúvida eu escolhi

Por viver, matar ou morrer

Acreditar ou em esquivar

Partir ou andar, me encorajar ou amedrontar

Sem me distrair

Mantendo sempre o que busquei

Atravessei paredes. Caí

Quebrei um braço, um rosto

E rapidamente me consertei

Agora vou e se você quiser posso voltar

Se você quiser posso continuar

No mesmo passo

Com seus passos

Sem me importar se faço o certo

Sem me importar com as coisas que carrego

Sem me importar comigo mesmo

Pois agora sei o que me feri, o que me curta

É você

Mas não me importo

Pois agora sei que você e eu

Somos a mesma coisa.

::Fragmentos de uma rotina::

Uma parte de você chegou em casa

Outra parte arruma as malas

Uma parte olha as horas

Outra se pergunta até quando vai agüentar

Uma se acomoda,

A outra vaga estrada afora

Uma parte se pergunta

Quantos passos vai andar?

Quantos cacos vai juntar?

Quanta gente vai pelo mesmo caminho e não consegue voltar?

Quantos sonhos terão que terminar?

Quantos vãos pra escapar

Ainda vão restar?

:::Palavras cegas:::

Você me diz palavras cegas

Com os mesmos olhos frios

De quem cumpre formalidades

Com os mesmo olhos calados que escondem a verdade

Você me diz palavras belas

Que se perdem por si só

Apodrecem sem amadurecer

Sem saber como seriam se não estivessem espalhadas

Pelos vãos nas tuas falas

Você me diz palavras cegas

Sem saber o que diz

Você sempre deixa a porta aberta

Como quem não se importa em voltar.